Desempoeirando

No fundo a gente sabe que perde

pelo excesso do medo de perder

a gente perde por medo do esquecer

por medo de enlouquecer

por medo de se entregar, enfraquecer

e não conseguir voltar a viver.

Ainda não sei até onde vai, 
mas espero que, quando eu me dar conta, 
você apareça logo atrás
seja pra me fazer querer sorrir
ou querer chorar

ouça: 
será que a saudade te faz voltar?

E se eu resolver desistir?
ir, me esquecer do “vir”
e permanecer longe
até eu reaprender a sorrir?

Mais uma manhã

E, então, eu não precisava de mais nada naquela manhã. Era só eu, você, nossas respirações, nossos olhares com dúvidas e os pensamentos escondidos. Eu durante o tempo todo segurando as palavras, o meu sentimento, e a vontade de te implorar pra voltar. Mas sei que não é bem assim; e sei também que talvez você não me encontre dentro de ti. Acho que é por isso que ando perdida: porque não moro mais dentro de você.

    Às vezes você vem e traz todo o passado. Ressurgimos, revivemos e relembramos. Parece que eu quase me reacendo dentro de ti, mas é só uma impressão. O seu silêncio me faz desistir de enxergar essa possibilidade, e eu me vejo implorando em segredo pra que você se apague de mim. 

Já não sei mais o que faço
se os dias só passam
e você não vem.
Já não sei mais o que faço
se a presença é o que eu não vejo
e a ausência é o que mais tem.

Te espero

Por um instante, eu achei que estava tudo bem. Sorríamos uma pela outra. O silêncio cantava e os nossos olhos voltaram a conversar. Eu achava estava tudo bem, mas depois vi que não.
 Não houve palavras que pudessem realmente nos afastar. Porque ao mesmo tempo que é ausência, é presença também. Te sinto perto e longe. Sinto que estou e não estou. Ainda sinto você segurando minha mão e apertando-a com força. Mas é diferente, você disse que vai voltar então eu percebo que não está comigo como sempre esteve.

 Pela volta, eu te espero. Então não deixe que o nosso laço se desfaça durante a espera.